É realmente muito difícil, em alguns momentos, fingir que está
fácil, mas ainda assim a gente insiste em fingir, sem se dar conta de que isso
só aumenta mais a dor.
Fazemos cara de feliz e até sorrimos, só pra disfarçar a dor que lateja por
dentro, a tristeza que machuca sem parar, a mágoa por algo que aconteceu e não
sabemos o que fazer com a realidade.
Muitas vezes, vivemos situações que nos provocam o desejo de xingar,
gritar, esbravejar, argumentar e chorar, sem se importar com as caretas, as
lágrimas, o barulho... Só chorar, chorar e chorar até pegar no sono... Mas não!
Não nos permitimos amolecer. Permanecemos durões, engolindo a dor a seco,
sentindo a tristeza passar pela garganta como se um nó na garganta... Arranhando,
incomodando, doendo mais. E lá estamos nós... Fingindo que está fácil!
Eu estou decidida, cada vez mais, a mostrar o que sinto, mesmo sabendo e
confessando que não é nada fácil. No entanto, se não é nada fácil se expor e
mostrar os sentimentos, especialmente quando eles escancaram nossa fragilidade
e vulnerabilidade, mais difícil ainda é fingir, camuflar, parecer sem ser,
viver sem se aprofundar, amar sem ser intenso, sentir sem se entregar. No final
de semana chorei, chorei muito, o pai da Letícia até pensou que ele tinha feito
algo que me fez chorar, mas, não, eu chorei por chorar... Cheguei a dizer para
ele: “só me deixe chorar”.
Não estou, de forma alguma alimentando sentimentos como raiva, tristeza
e desesperança. Muito pelo contrário: estou assumindo, sentindo e, assim,
possibilitando o fim de cada um deles. Porque enquanto a gente finge que não
está sentindo, eles continuam lá, engasgados. Mas quando a gente assume e os
expõe, eles passam, acabam, vão embora.
Quero parar de sustentar um ego que só o faz ser quem eu não sou (ou
seja, ninguém!) e me distancia da minha verdadeira essência. Quero parar de me
importar tanto em ter razão e me concentrar mais na minha imperfeição, na minha
vontade de me tornar melhor porque a gente só consegue sair de um lugar e
chegar a outro quando temos consciência de onde estamos e, para onde desejamos
ir.
Letícia quem sou eu para saber onde você está... São tantas as teorias, as crenças...
Eu só sei que se for verdade que você sofre quando eu choro me desculpe mas eu
preciso chorar...Mesmo não querendo, as lágrimas vem, vou te pedir como pedi
para teu pai: “Só me deixe chorar”
Te amo e me desculpe!