É difícil responder a essa pergunta, especialmente porque cada relação de construiu de um modo particular, com afetos e uma história única.
Ora, se nós já passamos todo o tempo nos dedicando em amor, aproximando laços, nos deixando cativar, também precisaremos de algum tempo para que nosso ser possa permitir o afastamento do outro, entender e aceitar.
Mas podemos fazer algo para auxiliar esse processo...
Tome consciência da tristeza vivida e expresse suas emoções.
Chorar ou sentir raiva são reações naturais...
Necessidade de se refugiar do mundo ou evitar as pessoas também podem fazer parte do início do processo de desapego.
Pode acontecer também da pessoa ficar sem vontade de se alimentar. Natural até que perca algum(ns) quilo(s) porque se está "sem apetite" para seguir com a vida depois daquela perda. Mas importante buscar fazer refeições mesmo que menores em intervalos de tempo ou ao menos uma refeição por dia.
Não é saudável permitir-se desinvestir em tudo o que ficou da vida, pois sabemos que o luto vai passar um pouco mais adiante e, quem ficou, necessitará seguir...
Falar. Encontrar um bom ouvinte que te escute e poder para ele falar. Essa grande receita quem deu de presente para a humanidade foi o Pai da Psicanálise, o neurologista e psicanalista Sigmund Freud. Ensinou assim o caminho para a cura. Falar falar e falar, até extirpar até o fim toda o mal interior, as tristezas e as mágoas não resolvidas, a frustração pelo que não pode acontecer e os perdões que por ventura não foram dados, impedidos com a morte.
A pessoa também pode buscar um psicólogo, para um acompanhamento nessa fase transitória de sua vida, recomenda-se que seja um profissional experiente na área de Luto.
Também é necessário manter as horas noturnas de sono. Todo ser precisa do descanso diário e do sono para manter-se com equilíbrio psíquico.
A pessoa pode querer ficar sozinha em alguns momentos. Também faz parte, pois ela precisa pensar sobre o que mudou na vida para pensar no que fará agora sem aquela pessoa.
Luto pede silêncio mesmo. Um momento para as pessoas que estão vivendo a perda pensarem. Silenciarem um pouco para o mundo para falarem com Deus,
para digerirem o ocorrido. Deixar que possam ser repassadas na mente as últimas imagens vistas durante o adoecer de quem partiu, ou mesmo os instantes finais e homenagens recebidas nos rituais de luto, como um filme retrospectivo, filtrando dali aquele que se deseja que permaneça como boas lembranças no devir. Para que depois, possam se refazer também os planos de vida que por esses momentos difíceis tiveram talvez que ser suspensos, para que possam ser reformulados agora com um novo planejamento, uma nova programação.
Agitação não é algo muito bom. Desfavorece esse tempo de busca de reequilíbrio interior..
Agora restará ao olhar para trás, se despedindo de um história, a história que poderia ter sido, uma história que foi, mas pensar no presente que ainda se tem e que é necessário seguir, apesar da ausência de quem se perdeu.
As perdas também fazem parte de nós e de nosso amadurecimento.
Com o que aprendemos a partir delas, estaremos mais preparados e mais amadurecidos para enfrentarmos agora a vida, porém com um novo olhar. Uma maneira mais experiente de vislumbramos no nosso existir.
Pouco a pouco cada pessoa que viveu a perda, verá a vida voltando aos poucos, cada qual no seu tempo próprio, único, singular, embora agora com um novo jeito, do jeito que cada um ainda pode ir desenhando, pois somos responsáveis pelo que faremos de nosso presente e nosso futuro.
(Autora: Andréa Botelho - Psicoterapeuta do Luto)