Recomendo este livro para quem como eu pensou em Deus como culpado da morte da minha filha.Quando perdi a Letícia sofri muito porque era muito religiosa, rezei muito por ela e com ela e Deus não me ouviu, então se eu rezei tanto Por quê?Se Deus existe, porque coisas ruins acontecem a pessoas boas? Por que alguns rezam e são atendidos e outros rezam e não são?Por quê?Porque Deus a deixou nascer com aquela doença?Foi Deus que permitiu?Então visitando um blog recebi a indicação deste livro: Quando coisas ruins acontecem às pessoas boas do rabino Harold S. kushner. O autor começa por explicar que o seu livro surgiu da dor de ver seu filho, Aaron, morrer quando ele tinha apenas 14 anos. Quando Aaron tinha apenas três anos, ele foi diagnosticado com progeria, uma doença rara, na qual a criança envelhece rapidamente. Ao ouvir o diagnóstico, a reação natural do autor foi de raiva e confusão. Ele sempre acreditou que Deus era bom e justo; mas como um Deus bom poderia tratar uma criança desta maneira? Afim de chegar a uma explicação do sofrimento, o autor começa por avaliar as explicações para o sofrimento, com as quais ele cresceu e encontrou, quando tentou lidar com a doença e a morte do filho, e nenhuma conseguiu satisfazê-lo. Ele percebeu que a maioria das explicações servem mais para desculpar Deus do que explicar o sofrimento; mais do que isso, a experiência mostra que elas são falsas. Copiei algumas frases,o negrito é meu:
“A idéia de que Deus dá às pessoas o que
elas merecem, de que nossos desmandos causam nossas
Desgraças, de certa forma é uma solução
tranqüila e atraente para o problema, mas tem numerosas e sérias limitações.
Como vimos, ela ensina as pessoas a se censurarem. Cria culpa mesmo onde não há
razão para culpa. Faz as pessoas odiarem Deus, embora odiando-se também a si
mesmos. E, mais perturbador que tudo, nem sequer se adapta aos fatos”.p.19
“Examinemos uma outra questão: O
sofrimento pode ser educativo? Pode acabar com nossos defeitos e melhorar a
gente? Há pessoas religiosas que gostariam de acreditar nas boas razões de Deus
para nos fazer sofrer, chegando ao ponto de imaginar quais seriam essas
razões... Em suma, o propósito do sofrimento é
reparar os defeitos da personalidade do homem. "p.27
“Todos sabemos de casos de criancinhas
que, no exato momento em que se deixou de prestar-lhes atenção, caíram de uma
janela ou dentro de uma piscina e morreram. Por que Deus permite semelhante
coisa acontecer a uma criança inocente? Não pode ser para ensinar a criança a
exploração de novas áreas. Ao tempo em que a lição estiver acabada, a criança
estará morta. Será para ensinar aos pais e babás a ficarem mais cuidadosos? A
vida de uma criança é preço caro demais para uma lição tão banal. Seria para
tornar os pais pessoas mais sensíveis e dotadas de compaixão, mais apreciadoras
da vida e saúde por causa de sua experiência? Seria para induzi-las a propor
melhores padrões de segurança, salvando, desse modo, milhares de vidas futuras?
O preço é ainda muito alto, e quem assim raciocina pouca consideração mostra
pelo valor de uma vida individual. Sinto-me ofendido com aqueles que sugerem
que Deus cria retardados mentais para despertar a compaixão e gratidão dos que
vivem ao seu redor. Por que haveria Deus de torcer a vida de alguém a um tal
grau apenas para elevar minha sensibilidade espiritual?”p.31
“Fui pai de uma criança deficiente durante
14 anos, até sua morte. A idéia de que Deus me escolheu por causa de uma força
interior especial e porque sabia que eu era capaz de me sair melhor que os
outros não me confortou. Tal idéia não me fez sentir um “privilegiado” nem me
ajudou a compreender por que razão Deus precisa,a cada ano ,enviar crianças
deficientes a centenas de milhares de famílias insuspeitas.” P.32
No
lugar das explicações, que ele descarta, o rabino sugere que Deus nos deu a
liberdade para fazermos o que quisermos e, portanto muitas vezes sofremos por
nossas escolhas, assim Deus, permite porque não desrespeita as leis que ele
mesmo criou: leis da natureza e liberdade humana. Deus não é o culpado dos vícios dos pais que
fazem sofrer os filhos A culpa é do pai. Se você ligar o secador de cabelo na
voltagem errada, é claro que você vai queimar o motor do secador. Isto ocorre
porque você agiu contra o manual de instruções do secador. Não é vontade de
Deus!
“Se tivermos crescido, como o foram Jó e seus amigos, acreditando em um Deus
onividente, onisciente e onipotente, será difícil para nós, como para eles
também foi, mudar nossa maneira de pensar sobre Ele (da mesma forma que não foi
fácil, quando éramos crianças, constatar que nossos pais não eram onipotentes,
que um brinquedo quebrado tinha de ser jogado fora porque eles não podiam
consertá-lo, embora quisessem fazê-lo). Porém, se pudermos nos persuadir de que
há situações que fogem ao controle de Deus, muitas coisas boas se tornarão
possíveis. Seremos capazes de recorrer a Deus e pedir-lhe a ajuda que está ao
seu alcance nos proporcionar, em vez de alimentarmos expectativas irrealísticas
que Ele jamais transformará em realidade. A Bíblia, afinal, fala repetidamente
de Deus como o maior protetor do pobre, da viúva e do órfão, sem discutir as
razões pelas quais eles se tornaram pobre, viúva ou órfão.É possível conservar
nosso auto-respeito e nosso sentimento de bondade sem ter que pensar que Deus
nos julgou e nos condenou. A raiva que sentimos pelo que nos aconteceu não
implica em sentir raiva de Deus. Mais que isto, podemos reconhecer nossa raiva
pela injustiça da vida, nossa compaixão instintiva pelo sofrimento humano, como
provenientes de Deus que nos ensina a odiar a injustiça e a sentir compaixão
pelo aflito. Em vez de nos sentirmos do lado contrário ao de Deus, sabemos que
nossa indignação é a ira de Deus pela injustiça de que somos vítimas e que,
quando choramos, continuamos junto a Deus e Ele continua junto a nós”.p.49 e 50
“As leis da natureza não abrem exceções para
os bons. Uma bala perdida não tem consciência: nem a tem um tumor maligno ou um
carro fora de controle...” pg 63
O autor sugere ainda
que, Deus talvez permita o infortúnio porque, abstendo-se de intervir
miraculosamente, Ele abre espaço para que os seres humanos ajam. Ao invés de
perguntarmos por que coisas ruins acontecem, o rabino cita Dorothee Soelle, que
diz que "porque" é a pergunta errada a se fazer, a respeito do
sofrimento. A pergunta correta é, na verdade, o que nós podemos fazer com o
nosso sofrimento para conferir-lhe significado, para criarmos o bem, do mal que
cada um tem de suportar.
“Não sei por que
uma pessoa fica doente e outra não, mas suponho que algumas leis naturais que ignoramos
estão em ação. Não consigo aceitar a idéia da doença “enviada” por Deus a
alguém em especial por uma razão determinada. Não acredito que Deus tenha
semanalmente uma quota de tumores malignos a distribuir ou que consulte Seu
computador para saber quem merece mais ou quem pode suportar melhor. “Que fiz
eu para merecer isto?” é um grito compreensível da parte de um enfermo ou de um
sofredor, porém a pergunta está realmente mal formulada. Ficar doente e ter
saúde não é decidido por Deus conforme nosso merecimento. A formulação melhor
é: “Se isto me aconteceu, que faço eu agora e quem está aí para me ajudar?”
(...) torna-se muito mais fácil levar Deus a sério como uma fonte de valores
morais quando não o responsabilizamos por todas as injustiças que existem no
mundo.”P 65
Orar pela saúde de
uma pessoa, pelo resultado favorável de uma operação tem implicações que só podem
preocupar a alguém que pensa. Se a
oração funcionasse como muitas pessoas acham, ninguém morreria, porque
nenhuma oração é feita com maior sinceridade que aquela pela vida, pela saúde e
pela recuperação de uma doença, por nós ou pelos que amamos. p.115
“Existem diversas maneiras de responder a
alguém que pergunta: “Por que não obtive aquilo por que orei?”E a maioria
das respostas são problemáticas, conduzindo
a sentimentos de culpa, ou raiva ou desesperança.”p.116
“Tampouco, como já
sugerimos, podemos pedir a Deus que mude as leis da natureza, que torne
condições fatais menos fatais ou que mude o curso inexorável de uma doença. Por
vezes milagres acontecem. Malignidades misteriosamente desaparecem, pacientes
incuráveis se recuperam, e os médicos, perplexos, atribuem-no a um ato de Deus.
Tudo o que podemos fazer em tais casos é acompanhar a gratidão confusa do
médico. Não sabemos por que uns se recuperam espontaneamente de doenças que
matam ou aleijam outros. Não sabemos por que certas pessoas morrem em desastres
de carro ou avião, enquanto outras, sentadas ao seu lado, se salvam com poucos
ferimentos ou queimaduras, além de um grande susto. Não posso acreditar que
Deus ouça as orações de uns e não as de outros. Não haveria qualquer razão para
Ele assim proceder. E as mais minuciosas pesquisas nas vidas das pessoas que
morreram ou que sobreviveram não nos ensinariam a viver ou a orar de modo a
merecermos também nós os favores de Deus.”p.118
“Se não podemos
orar a Deus pelo impossível ou pelo que não é natural, se não podemos orar no
sentido de vingança ou irresponsabilidade, pedindo a Deus para levar a cabo o
que compete a nós fazer, o que sobra para pedirmos em oração?”p.120
Segundo o autor
devemos rezar para pedir força e coragem e não cura e milagres:
“... Não podemos orar para que Ele torne
nossas vidas livres de problema; isto não acontecerá, e será o mesmo que não
orar. Não podemos pedir-Lhe que nos livre a nós e àqueles que amamos da doença,
porque Ele não pode fazer isto. Não podemos pedir-Lhe que estenda uma rede
mágica ao nosso redor, de modo que as coisas ruins só atinjam às outras
pessoas, nunca a nós. As pessoas que rezam por milagres normalmente não
conseguem milagres, como as crianças que rezam por bicicletas, por boas notas
ou por namorados não os conseguem através de suas orações. Mas aqueles que oram
por coragem, por fortaleza para suportar o insuportável, em agradecimento pelo
que lhes foi deixado frente ao que lhes foi tirado, estes muito freqüentemente
têm suas orações atendidas. Eles descobrem que têm mais força e mais coragem do
que jamais pensaram ter. Onde a conseguem? Penso que suas orações ajudaram-nos
a descobrir aquela força. Suas orações ajudaram-nos a trazer à tona aquelas
reservas de fé e coragem que antes não lhes estavam disponíveis.”p.126
“Se Deus não pode
acabar com minha doença, para que serve Ele? Quem precisa dEle?” Deus não
deseja que você esteja doente ou aleijado. Ele não lhe causou este problema e
não deseja que você continue assim, mas Ele não pode afastá-lo. Seria pedir
algo que é difícil até para Deus. Para que serve Ele, então? Deus faz com que
pessoas se tornem médicos e enfermeiras para prestar auxílio e dar alívio. Deus ajuda-nos a ser corajosos mesmo quando
estamos doentes e amedrontados e nos dá a certeza de que não enfrentamos nossos
medos e nossas dores sozinhos.”p.130
“A explicação
convencional, segundo a qual Deus nos manda o fardo porque sabe que somos
fortes o suficiente para suportá-lo, é totalmente incorreta. O destino, não
Deus, nos envia o problema. Quando estamos às voltas com ele, descobrimos que
não somos fortes. Somos fracos; sentimo-nos cansados, irados, sobrecarregados.
Começamos a nos questionar o que fazer ao longo dos anos. E quando atingimos os
limites de nossa força e coragem, algo inesperado nos acontece. Encontramos
reforço vindo de uma fonte que fica fora de nós. E conscientes de que não
estamos sós, de que Deus está ao nosso lado, conseguimos ir em frente.”P. 130
Deus não causa as
nossas desgraças. Algumas são causadas por má sorte, outras vêm de gente
perversa e outras ainda são simplesmente a conseqüência inevitável do fato de
sermos seres humanos e mortais, vivendo em um mundo de leis naturais
inflexíveis. As coisas dolorosas que nos afligem não são punição por nosso mau
comportamento nem, de qualquer forma, fazem parte de um grande desígnio de
Deus. Como a tragédia não decorre da vontade de Deus, não precisamos sentir-nos
magoados ou traídos por Deus quando a tragédia nos golpeia. É possível ir a Ele
em busca de auxílio para superá-la precisamente porque podemos dizer que Deus
está tão ofendido quanto nós.P. 135
“Seja-me permitido
sugerir que os males que surgem em nossas vidas não contêm nenhum significado
especial. Não acontecem por nenhuma boa razão que nos faça aceitá-los de boa
vontade. Mas podemos dar a eles um sentido. Podemos redimir essas tragédias da
falta de sentido impondo-lhes um sentido. A questão que devemos propor não é
“Por que isto me aconteceu? Que fiz eu para merecer isto?” Esta é uma questão
realmente irrespondível, sem graça. Uma pergunta mais interessante seria:
“Agora que isto me aconteceu, que vou fazer?””P 136
“Que diferença faz
Deus em nossas vidas, se Ele nem mata nem cura? Deus inspira as pessoas a
ajudarem outras que foram feridas pela vida e, ao ajudá-las, elas as protegem
do perigo de se sentirem sós, abandonadas ou julgadas...”
“Deus, que não
causa nem elimina as tragédias, ajuda inspirando as pessoas a ajudarem. Como um
rabino hasídico do século XIX certa vez observou, “os seres humanos são a
linguagem de Deus”...”P. 140
“Você é capaz de perdoar e aceitar com amor um
mundo que o decepcionou por não ser perfeito, um mundo em que existe tanta
iniqüidade e crueldade, doença e crime, terremoto e acidente? Pode você
perdoar-lhe as imperfeições e amá-lo por conter grande beleza e bondade e por
ser o único mundo que nós temos?
Você é capaz de
perdoar e amar as pessoas que lhe estão ao redor, mesmo quando elas o ferem e
derrubam por não ser perfeito? Acaso pode perdoá-las e amá-las simplesmente
porque ninguém é perfeito e porque a penalidade por não ser capaz de amar
pessoas imperfeitas é condenar-se à solidão?
Você é capaz de
perdoar e amar a Deus mesmo quando descobre que Ele não é perfeito, mesmo
quando o magoou e desapontou permitindo a má sorte, a doença e a crueldade em
Seu mundo, e permitindo que algumas dessas coisas o atingissem? Porventura pode
aprender a amá-Lo e perdoá-Lo, não obstante suas limitações, como Jó fez e como
você certa vez aprendeu a perdoar e amar a seus pais depois de perceber que
eles não eram tão sábios, tão fortes e tão perfeitos como você precisava que
eles fossem?
E se você puder
fazer tudo isto, poderá ainda reconhecer que a capacidade de perdoar e a
capacidade de amar são as armas com que Deus nos dotou para viver com
plenitude, coragem e sentido neste mundo menos-que-perfeito?”P 147
O livro conclui que Deus não é a causa imediata da tragédia .O Sofrimento Não é Uma Punição de um
Deus Cruel. Deus não causa nossos infortúnios. Alguns deles são causados
por má sorte, alguns são causados por pessoas más, e alguns simplesmente são
uma conseqüência inevitável de sermos humanos e mortais. As coisas dolorosas
que nos acontecem não são castigos por nosso mau comportamento, nem são, de
algum modo, parte de algum grande projeto de Deus. Porque a tragédia não é
vontade de Deus, não precisamos nos sentir chateados com Deus e nem traídos por
Ele, quando a tragédia nos atinge. Podemos nos dirigir a Ele para que nos ajude
a superá-la, exatamente porque podemos nos convencer que Ele se sente tão
ultrajado por ela quanto nós.Também gosto de acreditar
num Deus bom,queria acreditar que nada acontece sem sua vontade mas, não dá
para acreditar que seja a vontade de Deus crianças sofrerem até morrer. Hoje penso diferente do que pensava antes quando a Letícia partiu,hoje penso que não foi vontade de Deus sua partida,Deus não iria querer a morte dela.Vejo que Deus estava ao meu lado desde o nascimento prematuro da Letícia,durante a cirurgia,dias de incubadora,quarenta dias que ela passou em casa e dias de UTI,pois se Deus não estivesse comigo eu não teria conseguido passar por tudo isso.Antes da Letícia nascer a minha preocupação era a de cuidar de um bebe recém nascido que eu nunca havia cuidado então ela nasce prematura e eu não temo mais cuidá-la!
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