Quando se perde alguém violentamente,
de modo repentino ou inesperado, quem fica permanece nesse limbo por um tempo
indeterminado. É comum pessoas em processo de luto por morte abrupta serem
tomadas por um estado de catatonia, semelhante a um morto-vivo, ou a um robô,
que passa a agir no "piloto-automático", sem domínio ou vontade de
controlar suas ações. Uma parte continua vivendo, pois entende ser necessário, mas
a outra não está lá. A alma fica dividida e constantemente, o
enlutado sente que morreu também e que sua história nunca mais será a mesma. De
fato, nunca mais será, pois a morte marca a alma. Entretanto, estamos na vida
para sermos transformados a partir das experiências que o acaso (será?) nos
propõe. A superação só se dá a partir de um longo processo e ela não significa
esquecer, fingir que não aconteceu ou ainda não sentir dor quando lembrar.
Superar significa apenas aceitar e continuar. Mas como aceitar algo que não faz
sentido? Algo que não vem com avisos, que não parece ter um por quê dentro da
lógica do merecimento?
Como aceitar a morte de alguém bom, que tinha uma
vida enorme pela frente? E que o destino levou em segundos, sem nos ter
orientado para aquele momento? Como continuar sem ter mais vontade de viver,
sem ter um sentido que nos norteie?
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