quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Vê-la naquela UTI foi o pior dos castigos


A Letícia era meiga, linda e delicada. Quando a vi pela primeira vez, eu logo soube no íntimo que ela não ficaria conosco...
Foi para o céu. Lutou como um gigante por 54 longos dias, que para ela devem ter parecido uma eternidade, pois para as crianças não há limites de tempo, o tempo urge, elas têm pressa. Pressa de conhecer, de experimentar, de existir. Então ela teve a parada cardíaca aos 47 dias, eu queria abraçá-la, aconchegá-la bem forte, mas tinha tantos aparelhos nela... Eu acariciei por vezes o seu pezinho, sua cabecinha, segurava suas mãozinhas... Parada cardíaca maldita...
Não sei se sofreu, mas vê-la naquele berço de UTI foi o pior dos castigos, vê-la não chorar, não mamar... Doeu demais e ainda dói...
Saber que ela não era daqui, era delicada demais para enfrentar esse mundo, e, por isso, assim como veio se foi... Isso me consola... Saber que um dia ela estará esperando por nós, me consola...
Nunca mais seremos os mesmos, todos que a amavam se lembrarão para sempre dela. O curso de nossas vidas foi mudado. Já não somos invencíveis, não somos super-heróis. Somos fracos e efêmeros, passageiros... Todos iremos um dia, e o que fica de nós é o amor que conseguimos plantar dentro das pessoas.
Minha salgadinha Letícia, que saudades!
A Letícia se foi, mas o amor dela e por ela permanece dentro de nós... São as sementes de uma flor que tinha urgência de semear... 

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