Somos guerreiras

Algumas pessoas, muitas das quais nem conheço pessoalmente mandam-me recados dizendo entre outras palavras que sou uma guerreira, no início não me sentia uma guerreira, mas com o tempo aceitei este título que não cabe apenas a mim, mas a todas as mães de anjo. Mães de anjo são guerreiras porque enfrentam a dor, o silencio, a saudade, e ainda tem que enfrentar o desprezo a tudo o que sentem.
Somos guerreiras porque conseguimos prosseguir a vida sem uma parte de nós mesma.
Somos guerreiras porque conseguimos sobreviver a isso, e continuar sendo pessoas boas e não frias.
Somos guerreiras e muito espirituais. Nada torna uma pessoa mais espiritual do que saber que seu filho agora faz parte do mundo celestial. Queremos saber como é o Céu. Como vivem lá. Se lembram de nós. Se vamos reconhecê-los quando for a nossa hora de estarmos lá. Passamos a viver nos dois mundos. Vivemos outro prisma, novos conceitos, novas conclusões a respeito da vida e da morte.
Não podemos mais perder tempo. O tempo para nós agora é muito precioso, pois é ele a chave do reencontro. 
Não somos as mesmas pessoas que conheceram antes da perda. Somos capazes de amar com toda força do amor, nossos maridos, nossas irmãs, nossos pais. Amamos todos que estão na Terra. No entanto existe um alguém que agora faz parte de outro mundo, do mundo celestial, que também é digno de nosso amor. E não precisamos deixar de amá-lo para provar que amamos vocês. Não precisamos e não queremos esquecê-los para continuarmos nossas vidas, nosso dia a dia.
E a saudade? O que a fé pode ter a ver com a saudade?
Podemos acreditar que estão com Deus. Confiamos cegamente nisso. Sabemos com toda a nossa consciência que estão bem, ao mesmo tempo sentimos saudades.
Saudade é sentir falta! É querer tocar! É querer ouvir! É querer conviver!. E o que isso tem a ver com fé?!
Jesus chorou a morte de Lazaro. Porque não choraríamos a morte de nossos filhos?E o pior não podemos ressuscitá-los, como Jesus ressuscitou a Lazaro!
Maria chorou a morte de Seu filho. Lamentou-se diante a cruz. Acompanhou o sofrimento dele. Ficou do lado dele ate o suspiro final chorando a sua dor. Porque nós, simples mortais, temos que ouvir de alguns que a fé, ou o tempo irá solucionar uma dor que não tem fim?!
Porque nos cobram a superação baseada na fé? A superação baseada no tempo?
Maria soube dos anjos que Jesus havia ressuscitado. Porque não podemos lamentar a morte de nossos filhos, se nem um anjo veio nos contar onde eles estão como fez com Maria?
O que a saudade tem a ver com reconhecer que nossos bebês estão bem, são anjos de Deus?! Absolutamente nada! A ausência continua, ainda que exista a consciência de onde estão. Com quem estão.
Ou não sentem saudades quando alguém que ama viaja? E essa saudade diminui com o tempo? Ou o tempo agrava a saudade? É claro que o tempo agrava a saudade, e todos sabem disso.
Portanto não ignorem a dor de uma mãe que entregou um filho a Deus não importando quanto tempo, essa dor é latente!  E nunca enquanto uma mãe de anjo viver na Terra ela irá passar.
Por isso o tempo está contra a mãe de anjo, mas também a favor. Pois é ele, que nos aproxima do grande e maravilhoso dia... O dia do reencontro...

Letícia me espera aí! Te amooooooooo!