sábado, 4 de agosto de 2012

EU RECORDO COM SAUDADE E JAMAISSSSSSSSS Tristeza 48


Há um ano era quinta-feira...Acordei naquela casa de apoio,tudo o que aconteceu ficava rodando na minha cabeça, não via a hora que o dia clareasse, meus seios doíam muito, parece que pesavam 10k. Eu queria minha filha, eu queria minha casa, eu queria não estar ali... Naquela manhã comecei a raciocinar o que tinha acontecido então me desesperei. Meu Deus se a Letícia teve parada cardíaca, deve ter faltado oxigênio no cérebro, então, ela poderá ficar com seqüelas gravíssimas, ela pode ficar com paralisia cerebral????Chorei,gritei,fui a loucura dentro do meu carro, único lugar que podia ficar, pois a casa de apoio era para dormir a UTI tinha horário para entrar,foi que o Luiz gritou comigo:”você se acalme porque se você ficar doente vão te levar para outro hospital e você vai ficar longe da Letícia e eu vou fazer o que?” Hoje entendo o que era aquilo, era a perda da minha filha, eram os sentimentos conturbados e eu perdendo literalmente os sentidos... A dor psicológica transpassou a dor física, digo que naquele momento poderia me cortar toda que eu não sentiria mais a dor física...Acredito que muitas passaram por coisas tão sofridas quanto eu. 


Fui até o banco de leite, mas, já estava perdendo as esperanças que ela ainda iria mamar, por isso eu evitava tomar líquidos, não queria nem tomar água para não ter leite. No banco de leite eu chorava ao ver o leite jorrando, a Senhora que cuidava do Banco conversava muito comigo e dizia que rezava muito por mim e pela Letícia,dizia-me que era para eu a considerar uma mãe,já que estava tão sozinha numa cidade desconhecida.
Fomos na capelinha do hospital,lá eu disse para o Luiz que queria batizá-la ele me disse que se batizássemos ela lá não poderíamos batizar em Joaçaba e não poderíamos fazer a festa que tínhamos planejado,eu não queria mais festa,não queria mais nada...A tarde houve uma reunião com os pais das crianças da UTI,ai eu vi tantas mães passando pelo mesmo sofrimento que eu e estavam ali firmes e prontas a me apoiar. No início, a UTI assusta um pouco pois os aparelhos apitam a todo momento e a cada som o coração dispara. Com rapidez tratei de entender o que significava cada um deles e o porque apitavam. Já tomava conta até dos aparelhos dos outros bebês avisando as enfermeiras quando algo acontecia. A noite um médico veio até mim quando eu estava conversando com a Letícia(porque eu conversava muito com ela,eu tentava a encorajar a melhorar,dizia para ela que como ela se saiu bem quando nasceu prematura,quando fez a cirurgia com 2 dias de vida se sairia bem desa também,chegava até brigar com ela eu dizia;saí dessa Letícia,vamos pra casa,nós estamos tão longe de casa,porque você fez isso comigo?)Então eu perguntei para o médico como ela estava e ele me disse ela vai ter sequelas, eu logo perguntei, mas, ela está sedada? Ele disse sim, mas, vai ter sequelas, naquele momento não imaginei as seqüelas... Só queria minha filha... Mas, logo veio uma médica e eu não resisti e perguntei: Como está o quadro da Letícia então ela não me poupou e disse já fez 24h e não voltou ela pode estar com Morte encefálica.Então eu perguntei mas ela não está sedada ela disse não,faz quase 24 h que foi tirada a sedação e ela não voltou a noite faremos um exame clínico para ver se há sinais cerebrais,isso me tirou o chão,entendi que aquele médico estava com pena de mim e não quis me contar a verdade,na realidade eu já suspeitava,eu já tinha estudado sobre isso...mas não queria admitir...Quanto mais desamparados nos sentimos, parece que mais sinais buscamos encontrar. Foi o que estava acontecendo comigo. Ver minha filhinha na UTI, cheia de eletrodos, acessos, inchada e sem seus cabelinhos dava uma angústia sem fim. Maior que isso só a dúvida. O não saber o que iria acontecer estava acabando comigo e com o Luiz. Aquela ansiedade por querer saber se ela ia melhorar se teria sequelas, se iria para casa, se sobreviveria ou não, se suportaríamos, estressa demais qualquer ser humano. A carência de respostas acaba nos levando a buscá-la nos acasos do dia-a-dia. A cada manhã, ao acordar, agradecia a Deus por nada ter acontecido; o leite que não parava de descer. Seria algum sinal? A verdade é que a vida é um mistério. Não há respostas, não há sinais. Pessoas que chegam a hospitais com sintomas irrelevantes morrem de uma hora para outra. Outras, com as mais severas doenças, com os piores prognósticos, sobrevivem bravamente.Lembro quando estava grávida,quantas mulheres grávidas tiveram que ser internadas em hospitais e eu estava ótima e agora eu estava ali,perdendo minha filha. Por que isso acontece? Médicos melhores que outros? Talvez. Fé mais forte? Creio que não. Destino? É a única resposta plausível. Aprendi que, antes de chegarmos a esta vida, já conhecemos o caminho a que iremos percorrer. Eu sabia, a Letícia sabia. Ela confiou a mim seu pequeno destino, e eu topei estar com ela nesta empreitada. Assim foi, e assim devo seguir a minha vida. Cheia de perguntas, sem nenhuma resposta.

_Pedi muito para que Deus a curasse, Relutei em entregar minha bebê à Deus, mas não conseguia mais vê-la sofrer. Rezei:Deus se for para que meu anjo sofra, leve-a consigo, alivia seu sofrimento. Quero muito que o Senhor a cure, mas que seja feita Sua vontade. Se a manter viva, que ela fique saudável.

Hoje, sei que DEUS atendeu meu pedido, mas  deu a mim o que eu precisava, não o que desejava. livrou a Letícia das dores e sofrimentos, da doença e desse mundo. Eu pedi a DEUS, que se fosse para ela sofrer, que DEUS a levasse e DEUS a levou, porque não é possível passar por esta vida sem sofrer. DEUS simplesmente a atendeu deu o MELHOR para minha bebezinha,minha anjinha tão amada, tão desejada, A VIDA ETERNA.

Minha anjinha, o coração da mamãe dói de tanta saudade e de tanta vontade de vê-la, nas minhas orações só peço para Deus que você esteja num lugar lindo e que se for para o teu bem que você volte, e peço também para sonhar contigo!

Te amo eternamente!



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