Até
o mês de agosto de 2011 eu pensava que tudo na vida era merecimento... Se você
fosse bom, coisas boas aconteceriam a você e vice-versa. Se eu rezasse e fosse
à igreja nada de mal me aconteceria. Aqueles sete dias dentro do Hospital me
fez procurar e vasculhar todos os cantos da minha vida, dos meus dias, das
minhas palavras lançadas, das minhas mentiras, das minhas duras verdades ditas
sem dó, olhei em cada prateleira da minha existência, abri todas as gavetas e
não encontrei onde cometi tamanha maldade para receber tamanha crueldade da vida.
Por quê? Seria pelo laudo que atestei que uma mãe não tinha condições
psicológicas de ficar com seus filhos? Seria porque eu brincava que a deixaria na
porta da casa da minha irmã? Procurei me crucificando por um crime que não sei
se cometi, de uma gravidez perfeita, cheia de planos e expectativas há dias
cinzentos. Um vazio tão grande que me perdi nele por muito tempo sobrando horas
para questionar onde estava o merecimento. Agora eu te pergunto... Se nem tudo
é merecimento, se algumas coisas são ensinamentos, que Deus tão rude é este que
nos coloca ajoelhados sobre milhos para nos ensinar? Eu seria incapaz de
machucar a Letícia para lhe mostrar o caminho certo ou lhe passar algum
conhecimento. E se não é merecimento, nem ensinamento, o que é? Com tudo isso
eu acabei descobrindo que nem sempre o melhor de Deus pra nossa vida vai nos
tornar mais felizes e que se não sonhamos os sonhos de Deus esse sonho acaba naufragado
e que existem perguntas que nunca saberemos a resposta.E que ser mãe de um
anjo é a pior dor do mundo .
Sonho, imagino...
Como ela estaria hoje... Mas, nada de sofrimento. Pois, DEUS não a levou, para
eu sofrer. Ao contrário, pegou-a em seus braços para afaga-la. Não gostaria de
ver a Letícia, sofrendo... Eu seria muito egoísta de querer minha filha aqui
comigo em um leito, sofrendo, e não vivendo tudo o que uma criança tem direito.
Sou MÃE... E tenho este sentimento... Tudo tem um limite. Até mesmo de vermos o
sofrimento de nossos filhos...
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