Faço
minhas as palavras da minha amiga Lígia, mãe da anjinha Maytê, Já são cinco
Natais e continuo a me sentir assim: “Neste
período, assim como em outras datas marcantes e especiais, nossos sentimentos
se misturam, temos sentimentos de revolta, de melancolia, uma vontade enorme de
gritar, de chorar. Buscamos para a dor um remédio que não existe”
Não vou me prender aos significados do Natal, até porque cada um de nós o vimos de uma forma diferente, principalmente se levarmos em consideração a crença de cada um. Mas de uma forma em geral, a semana do Natal e do Ano Novo, é vista como um período de festas, de confraternizações, família reunida, casa cheia, mesa farta e muita alegria.
Sendo assim parei para refletir em minha condição, e na condição de muitas outras pessoas que assim como eu passaram por uma grande perda. Após a perda da minha filha, minha maior dificuldade, o que até mesmo após 02 anos e 9 meses ainda me tortura, é deixar de viver o presente para viver de passado, é deixar de acreditar em um futuro promissor e se convencer que tudo acabou e que daqui pra frente o futuro é incerto, ao menos para aqueles que tanto amamos e consequentemente para nós, porque paramos, nos estagnamos, exatamente no momento que os perdemos.
Por mais que digam, e mais uma vez vou ressaltar que tudo que dizem é inútil: “a vida continua... Deus tinha algo melhor pra ele... Ao menos não está sofrendo... Você precisa ser forte... Com o tempo você vai se recompor... e blá, blá, blá”. Quem passa por uma grande perda, precisa fazer um esforço enorme para aprender que o que um dia foi o “Presente”, hoje não passa de uma “Pretérito” do tipo: “Ele viveu, ele amou, cumpriu...” Ou então no “Preterito Imperfeito”: Ele vivia, ele amava, ele cumpria, ele adorava...” não o bastante aquele “Futuro” se apresenta a nós como passado. Como assim eu pergunto?! Como algo que não chegou acontecer pode se tornar um passado? Sim: “Ele viveria, ele amaria, ela falaria, cantaria...” E por ai vai de acordo com as lembranças de tudo que vivemos ao seu lado...
Por isso eu faço um apelo: Neste período, assim como em outras datas marcantes e especiais, nossos sentimentos se misturam, temos sentimentos de revolta, de melancolia, uma vontade enorme de gritar, de chorar. Buscamos para a dor um remédio que não existe.
A saudade se faz presente e aumenta com o tempo, a angustia de nunca mais poder rever quem tanto amamos nos sufoca. Uma voz se calou, um silêncio se fez presente. Procuramos feitos loucos acreditar que a vida continua em um outro plano, mas há nossa frente é só escuridão. O sofrimento é imenso, falta palavras para expressá-lo e durante todo ano fazemos uma força imensa para se manter de pé. Mas há momentos, há datas, a lembranças que nos machucam ainda mais.
Então neste natal não faça cobranças, procure ser solidário e compreensivo com a dor do seu próximo, sinta-se agradecido por não ter passado por tamanho sofrimento, se faça presente, seja amigo, mais do que falar de Deus e do Seu amor, viva Deus, dê amor. Por que assim diz a palavra: “Em todo tempo ama o amigo e na angustia nasce um irmão”. Então seja um IRMÃO.
Lígia de Aquino
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