quinta-feira, 6 de abril de 2017

Como aceitar algo que não faz sentido?

Quando se perde alguém violentamente, de modo repentino ou inesperado, quem fica permanece nesse limbo por um tempo indeterminado. É comum pessoas em processo de luto por morte abrupta serem tomadas por um estado de catatonia, semelhante a um morto-vivo, ou a um robô, que passa a agir no "piloto-automático", sem domínio ou vontade de controlar suas ações. Uma parte continua vivendo, pois entende ser necessário, mas a outra não está lá. A alma fica dividida e constantemente, o enlutado sente que morreu também e que sua história nunca mais será a mesma. De fato, nunca mais será, pois a morte marca a alma. Entretanto, estamos na vida para sermos transformados a partir das experiências que o acaso (será?) nos propõe. A superação só se dá a partir de um longo processo e ela não significa esquecer, fingir que não aconteceu ou ainda não sentir dor quando lembrar. Superar significa apenas aceitar e continuar. Mas como aceitar algo que não faz sentido? Algo que não vem com avisos, que não parece ter um por quê dentro da lógica do merecimento?
Como aceitar a morte de alguém bom, que tinha uma vida enorme pela frente? E que o destino levou em segundos, sem nos ter orientado para aquele momento? Como continuar sem ter mais vontade de viver, sem ter um sentido que nos norteie?

(Palavras de um grande psicólogo do luto.)

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