quarta-feira, 1 de março de 2017

Como expressar a dor da perda de um filho?!


Não existem palavras, nem em outras línguas; não há gestos e nem pensamentos que temos consciente ou inconscientemente que possam expressar a dor de perder um filho.
Ela é tão profunda, tão dolorida que fere a alma. É uma dor lancinante que corta tão lenta, dolorosa, presente, frequente, interminavelmente a gente que perdemos o tino da realidade...
É como se o coração fosse machucado, esmagado, torturado, cortado com uma faca sem fio. Essa dor é colossal, dói dolorosamente, dói incessantemente, dói incansavelmente, dói incontrolavelmente, dói, dói, dói...
Dói e não pára um segundo sequer, dói tanto que dá para sentir a alma se contorcer dentro do corpo, chorar, implorar por um segundo de paz, mas não há nada que a acalme, nada que faça com que essa dor diminua!
Ela grita um grito silencioso, dentro de mim, tomando conta de todo meu ser!
Essa dor tem o som de minha voz, que clama, que pede, que diz não acreditar, que fala o nome de meu filho e se enche de uma luz que se apaga no instante em que lembro que não tenho mais ele aqui... e então lembro da dor cruel, silenciosa, a dor que dói, que entorpece, que me sustenta, que faz parte de mim hoje e sempre fará!
Essa dor, unida com a tristeza, é como um manto que envolve minha alma, fazendo tudo o mais perder o sentido, o brilho, a cor...
Meus olhos querem te ver, meus ouvidos querem te ouvir, meus braços querem te segurar, te abraçar, meu corpo grita por tua presença em meus braços, minha alma chama pelo meu filho....
Não há quem me ampare, quem me faça compreender o por quê de estar aqui e você ter partido!
Minha alma sente o gosto do sangue de meu coração rasgado, despedaçado pela tua ausência, meu coração parece que vai arrebentar, parar de bater com tanta dor!
É doloroso continuar vivendo aqui, com a dor, a saudade, o nó na garganta... sem você que tanto amo!
As lágrimas turvam minha visão, o mundo gira, continua... a vida vai se arrastando...dias...meses...anos talvez?
E eu aqui, prisioneira dessa dor; vendo tudo passar, vendo a vida que continua, que me leva, sobrevivendo como um fantasma que arrasta suas correntes, que quer voltar a ser algo que jamais voltará!
O que mais queria era ter você aqui, mas já não pertences a este mundo, está puro e imaculado no céu... não consigo suportar a ausência, não consigo viver sem ti!
A cada dia a saudade é maior, a dor é maior... por que não há um meio de tornar sua volta possível?
Por que não há um meio de voltar no dia em que Deus te chamou para junto Dele e oferecer-Lhe minha vida no lugar da sua?!
Nada pude fazer para que você, um ser tão amado, não passasse pela dor da morte, pela dor de ir...por quê? por quê?
Tudo isso é difícil de entender, impossível de aceitar!
Copyright © Flávia Rott

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