sábado, 27 de junho de 2015

Um dia o arco-íris passou por minha casa.

A Criança-anjo e o arco-íris
Quando era criança me disseram que no fim do arco-íris havia um pote de ouro.
Pensei logo: “Nossa” vou ser “dono” de um tesouro.
Nos anos que sobravam da meninice, armado de um estilingue, eu tornei-me um intrépido caçador de arco-íris.
Certa vez, enquanto atravessava um campo em desabalada carreira, com os olhos fitos nas cores do horizonte, caí.
A serpente da desesperança, que sempre espreitava, deu o bote e me picou. Destilou todo seu veneno, mortal para os sonhos nascidos puros.
Quando levantei o arco-íris ainda estava lá, mas eu não queria continuar, havia perdido a FÉ.
Passaram-se os anos e já nem me recordava, mas não era o fim.
Podemos haver desistido do arco-íris, ainda assim, por uma GRAÇA, ele vem até nós. Um dia o arco-íris passou por minha casa.
Trouxe consigo, brincando de “escorregador”, um anjo aprendiz disfarçado de criança especial, um tesouro com o qual não sonhara.
Essa criança-anjo, sem a menor cerimônia, enfiou sua mãozinha dentro do meu peito e segurou meu coração, apertou tanto que quase me matou.
Quando soltou, seus dedos tinham deixado marcas, que inflamam ao sabor dos seus suspiros.
Depois povoou minha casa de sorrisos mágicos, capazes de inebriar a alma, deixando todos meio que “loucos” de felicidade.

Desde então, eu e minha família temos vivido como dizia um poeta (do qual não me recordo): “A vida não é para ser contada pelo número de respirações, mas pelo número de vezes que perdemos o fôlego”. Autor (a): José Carlos da Silva

6 comentários:

  1. PARTE 1
    Liliane:

    Hoje eu estava procurando uma imagem que representasse o que se passa em meu coração e encontrei este blog. Hoje o meu filhinho deveria estar fazendo dois anos de vida, mas o perdi ainda na gestação, entrando no terceiro mês. Foi em 2012, mas parece que foi ontem... Não sei para as outras pessoas, mas para mim nunca será diferente, amarei o meu anjinho da mesma forma.

    Eu tenho um filho que está com quase dezesseis anos e desde que ele era pequenino quis um segundo filho. Porém era um sonho guardadinho em meu peito e no meu marido, pois as condições financeiras não permitiam mais um filho. Eu tinha medo de jogar tudo para o alto e engravidar, tinha medo das críticas de familiares. então o tempo foi passando e a idade chegando, de forma que o sonho adormeceu em mim. Eu pedia sempre a Deus que me desse mais um filho e condições de criá-lo, mas tinha medo de engravidar e fazer as coisas por minha conta, não sabia se era a vontade Dele.

    Então aos 41 anos engravidei contra todas as possibilidades: miomas, idade, etc. Tive muito medo e senti muito amor. Era uma montanha russa de sentimentos... Às vezes eu pensava que não deveria estar grávida, mas meu coração estava cheio de amor. Meu plano de saúde estava falindo e passei por muitas angústias para conseguir atendimento médico. Paguei consultas e ultrassom para que meu bebê pudesse receber assistência, briguei com o convênio. No fundo do meu coração eu sentia que aquele bebê não ficaria comigo, mas depois achava que eram os hormônios. Adoro organizar listas, mas decidi fazer a lista de itens do enxoval só após a ultrassonografia onde ouviríamos o coraçãozinho do bebê bater. E nesse dia o médico falou que o bebê estava sem batimentos. Um dia que havia amanhecido cheio de cor se tornou cinzento. Daí em diante foi um borrão: hospital, outra ultra, a confirmação do primeiro diagnóstico, a briga com o plano que se negava a autorizar o atendimento. Isso... eu com uma dor na alma tão grande e tendo que brigar para que meu bebê pudesse ser arrancado de mim. Já era noite e eu pedi muito a Deus para não sentir dor, pois a dor na alma já era insuportável, meu sonho de mais de dez anos estava indo embora. Então eu senti a presença de Deus naquele quarto de uma forma tão gigantesca que consegui atravessar aquelas horas, Ela me dizia "sei que você está passando por um vale, mas Eu estou aqui, caminhando com você". Ninguém entendeu pq eu não senti aquela dor intensa que diziam que eu sentiria. E uma médica, ao invés de esperar a tal dor me chamou para a sala para fazer a curetagem dizendo não ser necessário passar por mais essa dor ( ninguém entendeu, pois o padrão dela era esperar). Depois a volta para o quarto, a alma dolorida, tudo tão embaçado e sem vida. Meu bebê tão amado era considerado apenas lixo hospitalar naquele lugar.

    E a volta para casa, os olhares, a dor de sair tão feliz e voltar de braços vazios... Na hora em que entrei doei os pacotes de fraldas que tinha comprado e ganhado, era insuportável vê-los ali. As outras coisinhas estavam guardadas e passei meses até conseguir olhar.

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  2. Parte 2



    Os dias que se seguiram tinham a cor cinza, eu fiquei 30 dias de licença e depois férias e foram dias de muita dor, tristeza, revolta. As pessoas me diziam que "ainda bem que foi no início da gravidez", como se o amor de uma mãe precisasse de mais de uma fração de segundo para brotar. Hoje eu entendo, até pq um dia pensei assim também, achava que a dor era menor se a perda fosse tão prematura... Mas na época doeu muito. Ou me diziam que "poderia ter nascido doente", como se eu fosse amar menos por isso. Sei que a intenção era me consolar, estavam preocupados e queriam me ajudar a enfrentar aquilo tudo, mas é bem difícil. Até hoje carrego uma tristeza em relação a algumas pessoas, por não terem dado a devida importância só pq foi um aborto. Não foi um aborto, foi meu filhinho amado que veio, encheu meu mundo de luz e depois se foi enchendo minha vida apenas com o vazio de sua ausência. Eu tenho certeza que seria um menino (apesar de no início desejar uma menina) e seu nome seria Leonardo... Meu Leo.

    Eu escrevia quase todos os dias para aquele neném que eu nunca pude pegar nos braços, nem sequer senti se mexer dentro de mim. Não tinha um cheirinho para lembrar, um rostinho, o som de um choro, nada... E ainda assim sentia e sinto um amor gigante por ele. Já me disseram que isso pode ser apenas um amor idealizado pelo desejo de ter outro filho, mas as pessoas já não entendem tantas outras coisas... Eu pedia muito a Deus para sonhar com ele, e um dia sonhei: era exatamente do jeito que eu imaginava. Estava deitado em um colchão no chão em um local onde muita gente conversava. Eu o pegava nos braços, pedia silêncio às pessoas, cheirava a sua cabecinha e passava os dedos pelos seus cabelinhos, dizendo "Meu Deus, como eu amo esse bebê..."

    Eu escrevia todos os dias. Eram letras de músicas, conversas com ele, relatos da minha dor, questionamentos, culpas (eu me sentia culpada por não conseguir levar a gravidez em frente, por não ter engravidado mais cedo, por ter sentido medo quando descobri a gravidez).

    Pedi muito a Deus para poder um dia lembrar de tudo isso de uma forma menos dolorosa. Eu não queria esquecer, claro, mas queria lembrar sem sofrer tanto, queria entender o porque. Queria enxergar mais a bênção que foi aquela pequena presença do que a dor daquela ausência. Foram dias maravilhosos, não sei como tantos momentos couberam em tão poucos dias.

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  3. PARTE 3


    Foi muito difícil enfrentar o Natal, algumas pessoas conhecidas grávidas ou com bebezinhos, uma árvore onde sempre estará faltando um presente. Quando a dor ficou grande demais eu fiquei meio aérea, como se meu coração tivesse dormente. Como amo muito os animais, ganhei uma cadelinha (eu já tinha uma), foi um presente de Deus para ao menos me tirar daquele estado, pois ao cuidar dela eu me distraía por uns instantes de toda a dor. Até hoje tenho com ela uma relação especial, pois sei que chegou em um momento em que eu precisava de algo que me acordasse, me desse trabalho, necessitasse de mim e requisitasse a minha presença a despeito da minha dor. Meu filho já estava crescido e já não precisava tanto. Não era, de maneira nenhuma, um substituto, pois nada substitui um filho, era uma presença boa que estava ao meu lado durante meus momentos mais difíceis. Todo mundo saía para continuar suas atividades e eu ficava em casa com a minha dor.

    Os meses foram passando e eu cada dia mais disposta a enxergar mais a bênção e menos a ausência. Escrevia muito, mas às vezes sem chorar... Às vezes tbm falava sobre o assunto com outras pessoas, às vezes me pegava sorrindo de algum momento bom que havia passado com meu bebê no ventre.

    Nunca vou esquecer, nunca vou amar menos... Sempre haverá as velinhas não assopradas, o presente ausente, os primeiros dias de tantas coisas que não acontecerão. Mas agora estou bem melhor, SEI que Deus o levou por amor, para livrá-lo de um sofrimento que não sei qual é. E, se for para o meu bebê estar bem no céu eu aceito sofrer a sua ausência. O que não suportaria era vê-lo aqui passando por algum tipo de sofrimento que eu não pudesse impedir que acontecesse ou não pudesse trocar de lugar com ele.

    E assim vou vivendo, sabendo que meu neném está distante de mim mas está vivo no céu, que nossa separação não será eterna, que um dia todos os beijos não dados serão realidade.

    Me desculpe o "jornal", mas hoje eu precisava compartilhar isso com alguém. Obrigada por me "ouvir".

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  4. PARTE 3


    Foi muito difícil enfrentar o Natal, algumas pessoas conhecidas grávidas ou com bebezinhos, uma árvore onde sempre estará faltando um presente. Quando a dor ficou grande demais eu fiquei meio aérea, como se meu coração tivesse dormente. Como amo muito os animais, ganhei uma cadelinha (eu já tinha uma), foi um presente de Deus para ao menos me tirar daquele estado, pois ao cuidar dela eu me distraía por uns instantes de toda a dor. Até hoje tenho com ela uma relação especial, pois sei que chegou em um momento em que eu precisava de algo que me acordasse, me desse trabalho, necessitasse de mim e requisitasse a minha presença a despeito da minha dor. Meu filho já estava crescido e já não precisava tanto. Não era, de maneira nenhuma, um substituto, pois nada substitui um filho, era uma presença boa que estava ao meu lado durante meus momentos mais difíceis. Todo mundo saía para continuar suas atividades e eu ficava em casa com a minha dor.

    Os meses foram passando e eu cada dia mais disposta a enxergar mais a bênção e menos a ausência. Escrevia muito, mas às vezes sem chorar... Às vezes tbm falava sobre o assunto com outras pessoas, às vezes me pegava sorrindo de algum momento bom que havia passado com meu bebê no ventre.

    Nunca vou esquecer, nunca vou amar menos... Sempre haverá as velinhas não assopradas, o presente ausente, os primeiros dias de tantas coisas que não acontecerão. Mas agora estou bem melhor, SEI que Deus o levou por amor, para livrá-lo de um sofrimento que não sei qual é. E, se for para o meu bebê estar bem no céu eu aceito sofrer a sua ausência. O que não suportaria era vê-lo aqui passando por algum tipo de sofrimento que eu não pudesse impedir que acontecesse ou não pudesse trocar de lugar com ele.

    E assim vou vivendo, sabendo que meu neném está distante de mim mas está vivo no céu, que nossa separação não será eterna, que um dia todos os beijos não dados serão realidade.

    Me desculpe o "jornal", mas hoje eu precisava compartilhar isso com alguém. Obrigada por me "ouvir".

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    Respostas
    1. Então hoje tem festa no Céu! A Festa do anjinho Leonardo, Léo! Espero que toda a alegria da festinha dele lá no céu chegue até você amiga, como brisa, com céu estrelado e com PAZ no coração. A dor de ver um filho partir passa por fases e por etapas, mas nunca deixará passar o amor que temos por eles. O amor vence a morte, vence a dor e o sofrimento. Claro que a saudade fará parte da nossa vida. É indescritível essa dor, mas a certeza de que nossos bebês estão no Céu, vivendo uma vida plena e feliz, acalma nosso coração. Força amiga!

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  5. Muito obrigada! Não tenho palavras para agradecer, é bom falar com quem sabe exatamente como é tudo isso.

    Força pra você também! Que Deus derrame muita paz e consolo sobre nossas vidas. Aquela paz que diz na bíblia "que excede todo entendimento".

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