quinta-feira, 3 de abril de 2014

Este não era o mundo dela

Esses dias lembrei-me do filme O Pequeno Príncipe, lembrei que eu assisti o filme quando era criança e chorei...procurei na net o livro e copiei algumas frases que me dizem muito, parece a Letícia se despedindo de mim...Ela dizendo que ela tinha que voltar para o mundo dela e que este não era o mundo dela, alguém estava esperando por ela...DEUS, muitas vezes penso que o tempo que ela ficou foi mais do que deveria...As vezes penso que ela pediu permissão para Deus ficar mais um pouquinho...
Pois ela podia ter partido quando nasceu prematura, como muitas crianças...Mas ela quis ficar mais um pouquinho...Ela podia ter partido na cirurgia com 2 dias de vida, mas ela quis ficar mais um tempinho...Ela queria conhecer nossa casa...E como ela observava tudo...Como se quisesse guardar na memória... Seus olhinhos não paravam de olhar as paredes... Tudo a sua volta... Ela queria ser amamentada, beijada, acariciada pela mamãe, ser banhada pelo papai, conhecer a Lilika...  Então ela tinha que partir... Imagino ela dizendo para eu não sofrer, porque ela não está morta... Penso-a dizendo para eu olhar para o céu à noite e eu olho desde o dia que ela partiu, quando estava vindo com ela dentro do caixãozinho eu olhava o Céu e uma estrelinha me seguia...
E essa estrelinha me visita toda noite, acima da nossa casa... A estrelinha aonde habita a Letícia, é impressionante, podem me chamar de louca, mas, a estrelinha da Letícia está sempre acima da minha casa, às vezes o tempo está para chuva, mas, há apenas a estrelinha da Letícia.
As lembranças de tudo que vivemos são fortes penso todos os dias em reencontrar a Letícia, pegá-la no colo, beijá-la, sentir aquele perfumado cheirinho de bebê e olhar em seus lindos olhos, um olhar que me marcou e jamais esquecerei.


(...)-Estás certa de que não vou sofrer por muito tempo?
(...)- Eu também volto hoje pra casa...
(...)- É bem mais longe... Bem mais difícil...
Eu percebia claramente que algo de extraordinário se passava. Apertava- os nos braços como se fosse uma criancinha; mas tinha a impressão de que ele ia deslizando num abismo, sem que eu nada pudesse fazer para detê – lo.
Seu olhar estava sério, vagando no além.
(...) O sentimento do irremediável me fez gelar de novo. E eu compreendi que não poderia suportar a ideia de nunca mais escutar seu riso. Ele era para mim como uma fonte no deserto.
(...)- O que é importante você não vê...
(...)- À noite, tu olharás as estrelas. Aquela onde moro é muito pequena para que possa te mostrar. É melhor assim. Minha estrela será para ti qualquer uma das estrelas. Assim, gostarás de olhar todas elas... Serão todas suas amigas. E, também, eu te darei um presente...
(...)- Quando olhares o céu a de noite, eu estarei habitando uma delas e de lá estarei rindo; então será para ti como se todas as estrelas rissem! Desta forma, tu, e somente tu, terás estrelas que sabem rir!
(...)- E quando estiveres consolando (a gente sempre se consola), tu ficarás contente por ter me conhecido. Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo. E, às vezes abrirás tua janela apenas pelo simples prazer... E teus amigos ficarão espantados de ver – te rir olhando o céu. Tu explicarás então: “Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!” E eles te julgarão louco. Será como uma peça que te prego...
(...)Eu parecerei estar sofrendo... Parecerei estar morrendo. É assim. Não venhas ver. Não vale a pena...
(...) Tu sofrerás. Eu parecerei estar morto e isso não é verdade...
(...)- Tu compreendes. É muito longe. Eu não posso carregar este corpo. É muito pesado.
- Mas será como uma velha concha abandonada. Não tem nada de triste numa velha concha...
- Será lindo, sabes? Eu também olharei as estrelas. Todas as estrelas serão como poços com uma roldana enferrujada. Todas as estrelas me darão de beber...
(...)- Será tão divertido!
(...) por um instante, imóvel. Não gritou. Tombou devagarinho como tomba uma árvore. Nem fez sequer barulho...

Trechos do Livro O Pequeno príncipe (Antoine Saint-Exupéry)


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