domingo, 5 de fevereiro de 2012

A perda de um filho… uma dor que não tem nome!


Letícia obrigada pela oportunidade que você me deu de ser Mãe, tua mãe. Sei que hoje você está bem, está com Deus e Nossa Senhora e não sofre mais, sei que pode me ajudar aí de cima e preciso de você, da tua ajuda!Sou especial posso contar com a tua intercessão. Vivo na esperança de nos reencontrarmos na vida eterna!
A perda de um filho… uma dor que não tem nome!
Quando se perde o Pai ou a Mãe, somos órfãos… quando se perde o marido ou a esposa, somos viúvos ou viúvas, mas quando se perde um filho, não importa a idade que ele tenha, seja recém-nascido ou tenha mais de 50 anos, invertendo-se a ordem natural das coisas, essa dor não tem nome…
Essa dor inominada, contudo, apresenta três armadilhas que devemos desmascarar porque nos tiram a paz e nos roubam a alegria de viver que seguramente os filhos que partiram não desejariam que seus próprios Pais as perdessem:
O “por que” ?!
Por que isso ocorreu com ele? Por que dessa maneira? Por que justo agora? E tantos outros porquês...
Mas não encontraremos todas as respostas que desejamos por não sabermos contemplar os mistérios que nos transcendem, os quais, por mais dolorosos que sejam devem ser aceitos com humildade.
Infelizmente, nós homens e mulheres pós-modernos estamos perdendo a capacidade de aceitarmos o mistério, que no sentido grego, significa aquilo que “se revela pouco a pouco”… e que no âmbito da Fé, só quando gozarmos da Eternidade, poderemos compreender em sua totalidade.
O “Se”…
O “Se” no passado:
Se eu tivesse feito isto... Se aquilo tivesse ocorrido… Se ele não estivesse ali… e tantos outros “Ses”…
Mas o “Se” não faz história e não muda o que ocorreu, torturando-nos como a “imaginação que é a louca da casa e anda solta…”, segundo Santa Teresa D’Ávila
O “Se” no futuro:
Se o meu filho estivesse vivo eu poderia celebrar a sua formatura… se a minha filha estivesse viva eu dançaria com ela a valsa dos quinze anos… e os netos que ele poderia ter-me dado?…
E o futuro não vem, entristecendo o presente pela não aceitação do doloroso passado.
A “desesperança”:
Como conseqüência dos “porquês” sem resposta e dos “ses” irreais, perdemos a esperança de viver e o próprio sentido da vida. Já não vivemos, mas tentamos sobreviver lutando contra uma dor que pode, por sua vez, matar-nos em vida.
Baseados na Esperança que o Cristo nos trás, como podemos enfrentar essa dor e suas armadilhas? Proponho algumas posturas de Fé e atos concretos de Caridade:
Aceitar a “verdade dolorosa que me liberta” dos porquês (João 8, 31-31) : meu filho teve a sua Páscoa (passagem) e regressou a Deus de quem viera. Ele está bem, está com o Sumo Bem que é Deus e lá nos aguarda na Ressurreição dos mortos até que cada um de nós tenha a sua Páscoa também. Até lá devemos contar com a sua intercessão e também pedí-la em todos os momentos de nossas vidas. Não é belo poder contar com a intercessão de um filho ou de uma filha?
Na realidade, de uma forma geral, nós não gostamos de pensar na morte, mas todos nós igualmente devemos preparar-nos para as nossas Páscoas, tenhamos a idade que tivermos e, como decorrência dessa postura, educar um filho, nesse sentido, também deveria incluir o educá-lo para a sua Páscoa, sem medos, como algo humanamente natural e divinamente esperado.
Tampouco devemos ser possessivos e/ou controladores com os nossos filhos, pois os filhos não nos pertencem, eles vêm de Deus e a Ele se destinam, e nos são dados para que os acolhamos, amemos, formemos, os ajudemos a discernir o seu caminho e no Amor que se chama liberdade, deixá-los partir segundo a sua vocação.
Como conseqüência disso, devemos lentamente compreender e aceitar que em cada filho que parte realiza-se uma história de salvação, dolorosa, misteriosa, mas profundamente misericordiosa para com ele e para conosco. Aceitamos essa história de salvação?
Ainda na “verdade que liberta”, devemos libertar-nos dos “Ses” agradecendo a realidade do dom da vida terrena e eterna dos nossos filhos e recordando e revivendo efetivamente a qualidade do que pudemos viver com eles e não a hipotética quantidade do que nos e lhes teria faltado viver.
Sei que é difícil dizer, mas devemos agradecer no filho que partiu a possibilidade de termos sido Pais e a missão que em seu caso pudemos cumprir.
É importante procurar dar um sentido a essa dor, transformando “o mal em bem”, como o nosso Deus sempre o faz, com atitudes concretas, pois há outros filhos para criar, outros Pais que perderam os seus filhos que ainda estão imersos na dor, outros filhos que já não tem mais Pais e tantas crianças e jovens desamparados que lutam pela vida… Ou seja, simplesmente voltemos a amar, a “dar a vida pelo outro…” (João 15, 13).
E fica um desafio: e nós concretamente o que podemos fazer em nome dos nossos filhos que já partiram?
Mas talvez, o mais difícil, seja dizer o “Sim, Pai!” (Lc 10, 22b) à Cruz da perda de um filho.
É o sim de Maria mesmo quando uma espada lhe transpassa o coração, o sim de Jesus no caminho para a Cruz e o sim que cada um de nós como cristãos deve dizer em vários momentos de sua vida. Pois se eu não disser “sim”, a graça não vem! Se eu não disser sim e eu não aceitar a cruz da partida do meu filho mesmo que ainda não a compreenda, a graça não vem! E qual graça não vem? A graça do consolo, a graça de um renovado sentido da vida, a graça da Fé, a graça da reconquista da alegria, a graça de percorrer esta vida agradecendo a Deus pelos filhos tidos no aguardo do reencontro com eles na vida eterna, independendo de quem parta primeiro.
Por isso, com Jesus e Maria, não nos cansemos de dizer… ”Sim, Pai”… com confiança, humildade e esperança!
Por fim, ainda no âmbito da Fé devemos nos lembrar que Deus Pai entregou o seu Filho Único para nos salvar e que a Virgem Maria, Mãe de Deus, mulher idosa para os padrões da época, pobre e viúva, sofreu a perda do seu único filho, Jesus Cristo Nosso Senhor, com os olhos voltados para a Páscoa de Sua Ressurreição… e a contemplou vindo ainda a ser pelo Espírito Santo, Mãe da Igreja e Mãe de todos nós.
A perda de um filho é a dor que não tem nome, mas que pode ter um sentido pascal… vivamo-lo em plenitude em nome desses nossos filhos, pois, afinal, em Deus onde estão eles gostariam disso!
Que a Páscoa de um filho nos faça profundamente Pais e em Deus profundamente filhos!
Que assim seja!
Extraído do Site filhosnoceu.wordpress.com/carta...filhos/texto-da-missa-da-vickinha/

Saudades de você Letícia... Que foi a melhor coisa que surgiu em minha vida

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