quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Por que?

Por quê?Eu sempre tive certeza de que a morte de um filho só acontece com os outros, quantos casos já atendi de mães que perderam os filhos e em diversas circunstâncias, lembro do bebê de quatro meses que morreu num acidente de carro,outro bebê que era portador de uma doença genética que não tinha nenhum dos sentidos e outros casos de mães que perderam seus filhos já adultos de acidente, ou então  no jornalismo (caso Isabela Nardoni,crianças da escola de Realengo...) porque é irreal, monstruoso, impiedoso e está além da nossa capacidade de compreender e aceitar. Minha filhinha morreu quietinha como um passarinho, assim como viveu, sem escândalos, sem gritarias e tudo virou luto. O vazio é tão grande que tem eco.   Eu queria que tudo parasse que o luto fosse total, completo, eterno. Queria ter ido com ela. Fiquei com raiva de quem era feliz, fiquei infeliz com a alegria dos outros, fiquei inconformada com a pouca sorte da minha filha - porque é impossível acreditar que foi pelo bem dela.  Aos 54 dias, ela nem soube o que era se tornar criança, não brincou de boneca, não foi para a escola, não foi para o parquinho, nem conheceu o papai-noel, não fez faculdade, não se casou, não teve filhos, não viveu... E eu tenho que me conformar e achar que foi melhor assim. Não é justo. Por que, é a palavra que vai me perseguir até o fim da vida. Por que, meu Deus, por quê? Por que não eu? Por que pelo menos não nós duas?  Eu tinha a obrigação, como mãe, de morrer ali, naquela hora, junto com ela, porque não foi no parto?Mas não é assim, e a impotência nos torna ainda mais fraca. O desespero em saber que a ausência dela não é temporária, mas sim definitiva, torna o para sempre algo muito difícil de suportar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário